Sunday, October 31, 2004

Aparências

Aparência: do Lat. apparentia /s. f., aspecto; forma; figura; exterioridade; probabilidade; verosimilhança; sinal; vestígio; sintoma; ilusão; quimera; disfarce.

Aspecto.
Quando observamos algo ou alguém, temos imediatamente aquela micro-ideia crítica: "tem ou não bom aspecto?". A amplitude deste âmbito é tal, que acaba por ser regulado, em cada indivíduo, por postulados morais adquiridos, um tal de "ponto de vista".

Forma.
Acaba por ser resultado de conceito ou dos acasos probabilísticos e circunstanciais da natureza. Contudo, qualquer que seja a proveniência de uma forma, a nossa micro-ideia acaba sempre - de uma forma ou de outra - por tentar perceber o "design" numa forma: O seu estilo lato ou o modo como se manifesta.

Figura.
... ou "aspecto circunstancial", evoca-nos sempre o tom desdenhoso de referência a outrem - "a figura que fez", etc. É uma quase redundância do Aspecto, um nadinha afastada pela circunstancialidade.

Exterioridade.
Contextualiza sempre naquilo que é visto por fora. É talvez o mais lato e simultaneamente exacto sinónimo de Aparência, porque sem qualificar, coloca-nos o referencial de apreciação no exterior.

Probabilidade.
Procura revelar em que quantificação uma "verdade aparente", corresponde à "verdade absoluta".

Verosimilhança.
Demonstra o que "aparenta ser verdadeiro". Isto significa, que nesta precisa cadência, demonstra o que tem o Aspecto de ser verdadeiro, o que tem a Forma de verdade, de cuja Figura é a da verdade, cuja exterioridade de "verdade aparente" corresponde à quantificação absoluta.

Sinal.
Revela a assinatura com que se transmite o tal "aspecto", a tal "forma" ou "exterioridade".

Vestígio.
É o "resto visível" de uma verdade na sua exterioridade.

Sintoma.
Indício da verdade num Aspecto, ou numa Forma, numa apreciação exterior.

Ilusão.
Engano dos sentidos ou da inteligência através da interpretação errada de facto(s), é a fina arte da gestão de Aparência. O modo como se pode conceptualizar um Aspecto, Forma, Figura, Exterioridade, etc, transforma a Ilusão na característica mais apetecida da Aparência.

Quimera.
Ou outra palavra para "Ilusão", sugere um apelo ao lado mais fantasioso de quem "gere Aparência", ou de quem "observa Aparência".

Disfarce.
Dissimulação, Fingimento ou Falsa Aparência, é qualidade complementar de Ilusão/Quimera. Será o sentido último de "gestão de Aparência", a primária estratégia de condicionar "verdades aparentes".

Aparências.
São afinal tudo o que está "fora", tudo o oposto ao que está "dentro".
Constituem afinal, o conjunto de habilidades que cada indivíduo terá - possivelmente com o intuito último e auto-dissimulado de se enganar a si próprio - de gerir/controlar a forma como se processa alguma atenção que recaia sobre si.
São os reflexos espalhados por meios exteriores.
É a expansão doentia de como um indivíduo se olha ao espelho.
São Segmentos de Identidade.
São Diásporas em que a mente se perde quando foge ao seu lugar perto dos afectos.
São Políticas que se fazem. Pê.

.:.

Thursday, October 28, 2004

/*Estudos*/

 

                 

Os Lobos II

Boa escolha de palavras.

No parlamento, a discussão já não interessa. Neste, a qualidade do uso da palavra tende a decair, inversamente proporcional a 24-D. Ora vejamos, como exemplo de que de facto não há "concursos públicos" para a Assembleia da República, este espécime EXEMPLAR. Este tem mais piada, mas há outros no mesmo âmbito: ESTE ou ESTE, para não mencionar uma série de desconhecidos numerais ordinários que ali alternam entre a engorda e a hibernação, sob a chancela de 24-D.

Entropy: The tendency for all matter and energy in the universe to evolve toward a state of inert uniformity.

O que significará a palavra expressão, para não mencionar liberdade? Nada. A congeminação de vazios é fértil nestes espíritos, e os Nadas de que são feitos, obedecem às leis do Grande Nada, que tem como objectivo último a dispersão de matéria no grau mais entrópico possível - O tal Grande Nada, de matéria extremamente rarefeita e pastosamente uniforme. A Vida é feita de pequenas contrariedades a esta fatalidade. Já lá tivemos, na Assembleia da República, pessoas como Almeida Garret, Natália Correia, entre muitos. Gente de Vida.

Insultos à competência e à educação como o referido espécime EXEMPLAR, destroem estas pequenas barreiras de que são feitas a vida. São térmitas nos diques que abraçam o esforço humano na contrariação do regresso às origens: Não o regresso à barbárie, mas sim a aquele mundo obscuro sem ideias, sem sonhos, onde viveram os nossos antepassados necrófagos.

Agora, é o Tempo dos Lobos...

Tuesday, October 26, 2004

Silêncios

Silêncios, são-no quando vultos se viram de costas para os acontecimentos.
Silêncios, existem quando todos os ruídos ambientais são ensurdecedores.
Silêncios, vivem quando a comunicação não vive.
Silêncios, existem quando se entra à justa num elevador a fechar, perante olhares impávidos.
Silêncios, são os ruídos de diversão, extremas falas que calam a atenção.
Silêncios, vivem-se com a ansiedade.
Silêncios, sempre moram ao lado.
Silêncios, são fugas, nunca (re)encontros.
Silêncios, amargam.
Silêncios, preenchem-se com música.

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|interlúdio|
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Ouve-se muita música, com os silêncios.
Ouço música, ao ver os silêncios de Luís Delgado.
Ouço música, ao ver o silêncio de Vasco Pulido Valente fora do DN.
Ouço música, ao ver a cadeia de comando silenciosa Governo->Lusomundo->DN.
Ouço música, ao ver as ramificações narcísicas de S, P, S e D na comunicação social.

S, P, S e D. Santana, Portas, Sócrates e Drago.
Santana, governo, tutela da Lusomundo, qual Golden Share opaca.
Portas, muco do alheamento político de 24-D, seco e colado a Santana.
Sócrates, à espera de governo, portanto da tutela da Lusomundo, Golden Share prometida.
Drago, chic-revolution-girl protégée de 24-D juvenil que assalta o Público.

S, P, S e D: Preocupam-se mais com o que "acham", como os outros os vêem, reflexo externo de ausências. De Silêncios. Em cada um deles.

 

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| Assim, ouço música................................|
| ... e passo a permitir comentários livres. Aqui.|
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Os Túneis do Sexo

.. ou a relação possível entre o Túnel do Rossio e a Educação Sexual em Portugal.
Sexta de Manhã.
O Túnel do Rossio fechou.
Milhares de pessoas, apanhadas desprevenidas, sentiram o seu quotidiano incomodado.
Profundamente.
Encadeamento dos acontecimentos da Quinta-Feira anterior:

  • Manhã: Entrega do relatório pericial à administração da CP;
  • Almoço: Intervalo para almoço;
  • Tarde: Reunião da administração da CP. Decisão do encerramento temporário do referido durante esta reunião;
    • Especulação 1: Jantar, serão com a família, sono;
    • Especulação 2: Reunião encerra às 01:59 horas da madrugada de sexta, um (1!) minuto antes do último comboio para Sintra - Foi por pouco, porra!
  • Comunicação do "CEO" da CP - Sexta-Feira - nos noticiários da uma: "Fizemos o humanamente possível entre as 2 da manhã e a hora do primeiro comboio, às 05:30 horas(...)".

Ou muito me engano, ou o que foi humanamente reprovável foi terem estado reunidos até às 01:59 horas, impossibilitando que um único utente se precavesse de manhã. Como sofrem nestas reuniões, as quais - acredito ingenuamente - passarão sem jantar e sem poderem regressar para perto dos seus.

As últimas décadas de Educação Sexual em Portugal.
O Diário de Maria.
A inversão da pirâmide demográfica e o crescimento do HIV.
Encadeamento dos acontecimentos:

  • Desde sempre: Sempre se fez, nunca ninguém o soube bem como;
  • Há muito tempo: Que ninguém admite que faz, mas que tudo aparece feito;
  • Desde o 25 de Abril: A Gina é a melhor amiga e professora, o Capitão Roby, herói, Taveira, anti-herói e o Diário de Maria, a bíblia para onde se espreita às escondidas. Desde cedo.
  • Recentemente: Goza-se à brava, mas ninguém pode saber. Aprende-se no swing e na sordidez. Só para quem tem "formação superior". 24-D. Quem não tem, quem não é, pode usar o aborto como contraceptivo.

Precisamos de famílias operárias numerosas. Portuguesas, de sangue bem portuga, lusitanas, nacionais. Quem engravide por que razão seja, tem que assumir as consequências. Se não tiver meios para ir ao estrangeiro ou recorrer a uma clandestinidade segura, com o fim de desmanchar o que foi agregado com prazer - por mais momentâneo que fosse! - tem que contribuir para a sociedade. Com criancinhas. Zézinhos. Personagens jurídicas ainda por definir, mas que o são segundo alguns, os que fecham olhos na sua endógena óptica ao meio-genocídio que ocorre mensalmente a cada alma feminina, por natureza, ou que ocorre por aperto e explosão de solidão à vontade de cada alma masculina. Selecção. Pseudo-Darwinismo de direita bacoca e jarreta, narcísica no seu falar, flatulente na substância das suas ideias. Mais Segmentos. Morais Segmentos.
E a responsabilidade pedagógica num Túnel do Rossio. Aquele Túnel por onde entra tudo e sai tudo, sempre a ser fechado e aberto compassadamente sob a batuta dos maiores Punheteiros deste Portugal. Pês deste Pê.
Mais Pseudo-Darwinismo de direita aquosa, ranhosa, sem a qualidade das congéneres europeias.


Quem cedo engravida ou "apanha" SIDA,
tem que cedo viver a ferida, mas
nunca questionar o bom costume da ida
para a morte ou do direito à vida.
Os fortes prevalecem, os fracos perecem.
Os operários fortes
reproduzem-se muito e depressa,
os operários fracos
cedo definham e esmorecem.

Assim, hoje: Educação Sexual parada nas escolas há anos. Entrou num Túnel do Rossio, velho, fracturado, e cujo fecho ou abertura são determinados por administrações humanas. Tudo fechado ou aberto frivolamente. A segurança como razão que muda de um dia para o outro. De planos incumpridos em emergências humanamente possíveis.
Se a Educação Sexual é um plano em Portugal, as Obras Públicas e Planeamento, são neste território e nestas gentes, um Aborto.
Assim, vivemos num túnel, frio longo e comprido que vem corrigir Platão, que na sapiência transversal portuguesa, não elaborou o Mito da Caverna, mas sim, o Dilema do Túnel Sexual do Rossio.
24-D tem o túnel do Marquês.
De Sade.
Iluminados na sua privacidade, desdenhosos dos Grandes Túneis da Vida & do Universo: As ideias e a sua concretização.

M.U.P.S. Mais Um Pós-Sordidez.
Definição formal de operário: do Lat. operariu; s. m. artífice; jornaleiro; trabalhador de fábrica;
Definição contextual de operário: artífice do que outros inventam; jornaleiro daquilo que outros escrevem; trabalhador de fábrica de outros;

Thursday, October 21, 2004

Crachas (com acento).

Crachás, crachats, badges.

Na lapela, na mochilinha a tiracolo, símbolo do lugar a que as ideias são remetidas. Não mudam. Há mais de 20 anos que são alusivos a "punk's not dead!", The Cure, outros grupos, outras frases de ordem de preferência curtas e grossas. Como as ideias. Curtas e grosseiras.
É assim que se evoca a crise estudantil de 1969, Coimbra fechada a cadeado, incorporações militares à força, um estado fascista em agonia, uma visão única do ensino:

Ensino Para Todos.

Alguém queria mais?
Onde anda hoje o ensino para todos?
No sub-financiamento induzido pelas propinas, que adia mais uma vez o que há de execrável na "Universidade Portuguesa"?
Na ausência de programas de ensino consequentes, de integração no mercado de trabalho efectiva, de uma investigação científica produtiva e sem um mínimo de infra-estruturas estrategicamente delineadas?

Com as borlas e capelos, Chapelescas idiotas que
dizem ao seu utilizador nada mais q'é um doutor?
Certamente para humilde operário que pasma
a ver passar: Vai ali um q'é doutor!
Diz-se a si próprio, fechado na sua praxis.

No meio docente e investigador universitário, é como há 40 anos se encarava o emprego em Portugal:
A Idade traz as Promoções.
O Mais Velho prevalece sobre o Mais novo.
A Cátedra sobre a Assistência.
A Idade sobre a Ideia.
A Praxe.
A Fraude.

Muito provavelmente os (ex)estudantes de universidades de Lisboa, Porto e outras cidades não têm a consciência de que as borlas e os capelos são também ali utilizados, com a respectiva praxis.

É assim que as ideias se reduzem simbolicamente ao mesmo afecto que se tem pelo crachá, de um lado, que do outro, se ironize: São uns poucos!
São todos uns poucos, uns grandes poucos.
Mais poucos ainda, a roçar a bacorice barrasca sarapintada de esterco, são os 24-D que acusam com desdém: São uns poucos que querem fazer carreira política.
Claro, 24-D olha com desdém para a política, para quem opine sobre esta, para quem participe nesta ou para quem simplesmente discorde desta.

Ainda me sinto perplexo! Que mal tem querer ir para a política? Não deveria ser ao contrário?
24-D não participa na política, e alterna a fuga aos impostos com uma actividade filantrópica: uma IPSS, ajuda aos "meninos pobrezinhos" de uma favela onde nunca irá, projectos sociais de enorme importância, sei lá..

Quando vejo que as Faculdades e Departamentos recebem à cabeça por aluno, desproporcionados da oferta de emprego e necessidades reais, que o estado se demite de re-estruturar a Universidade, começando por abolir a praxe académica em toda a pirâmide entre os Assistentes e o Reitor, e, que autorize mais privados no sector, não posso aceitar que se 'cacem' os orçamentos familiares (ou singulares!).

É de facto criticável querer invadir um senado.
Os Portugueses deveriam talvez ir todos estudar para Espanha, até para o Brasil. Ficam assim as universidades por cá vazias, os das Chapelescas de mão dada com as moscas esvoaçantes e os sucessivos governantes que nunca sujaram as mãos no ensino superior, com as limpas dadas aos anteriores.

Todos numa alegre dança, sobre as Universidades vazias, protegidas de invasões, arruaças, descontentamentos, insatisfações... para gáudio de 24-D:
Assim mais ninguém se forma, nem cívica nem culturalmente, nem ninguém tem mais a triste ideia de se "meter na política".

Por isto tudo o mais, ainda bem que de vez em quando há um jovem para passar um dia na esquadra, que haja confrontação à porta de consequências de decisões políticas e fundamentalmente:
Que vão existindo crachás.

Força, miúdo. Dão-te um sistema organizacional em que tens que ser crescido, mas nem sabes onde estás metido.

Wednesday, October 20, 2004

Segmentos

Um exercício interessante que se pode fazer quando se aborda um assunto, é o de perspectivar a actualidade deste de acordo com as origens. Identificar uma linha temporal, que em maior ou menor grau permita uma certa distanciação do momento e consequentemente uma análise crítica do assunto, que confere maior honestidade à referida abordagem.
O caso presente da teorização à volta do conceito de Serviço Público de Televisão (SPT) é paradigmático nesta perspectiva.
Refazendo sinteticamente a linha temporal dos acontecimentos desde o fim do consulado Rangel na RTP, pode-se afirmar que a questão é abordada pelas responsabilidades com leviandade, grande novidade, posteriormente colmatada com um grande trabalho discreto de profissionais, interessados e afins do meio. A restruturação que ainda está em curso na RTP resulta desse esforço de certa forma "subterrâneo".
Ataque cerrado e ao "status quo" da RTP de então, seguido de despedimento milionário de Rangel e alguns afins, após o que logo se sucedeu uma autêntica "dança das cadeiras" na informação e a instalação da nova administração. Após as turbulências inflamadas iniciais, os profissionais deitaram mãos à obra e consolidaram de certa forma os objectivos já então não eram novos. Neste momento surge novo ataque cerrado, desta feita, à responsabilidade da grelha de programação.
Muito mais grave do que a marcelice que vivemos nas últimas semanas.
Do painel de reflexão que foi então composto para a redefinição do tal "SPT", nem pio, onde param as conclusões? Em que medida foram ou não aplicadas? Ainda assim, seja mérito atribuído a algumas consolidações conjunturalmente assinaláveis, nomeadamente financeiras e de grelha.
De A DOIS, as novidades são as que se conhecem, sendo a mais assinalável a diminuição de qualidade e duração do noticiário nocturno. Substitui-se uma suposta viagem à volta ao mundo para cada espectador de Acontece, por outra mais rejuvenescida. E (quem sabe?) por outras mais ainda. A designada "participação cívica" no canal ainda está muito incipiente, apesar de crescente. Mas efectivamente, na generalidade dos dois canais, diminuiu consideravelmente a carga de publicidade. O que é bom.
A ideia de independência de um meio de comunicação de capitais públicos oscila facilmente entre a perspectiva corporativa e a politizada. Neste momento, o fiel da balança está a ser forçado. Certamente que - após este ataque cerrado - as cadeiras dançarão novamente, na programação, na informação e na administração. Novamente os profissionais terão que contribuir com o seu trabalho semi-silencioso para colmatar estes segmentos de ideias esparsas lançadas irresponsavelmente sobre os visados.
É a perspectiva da nova direita: é assim que se invade um Iraque por razões dispersas e de rigor no mínimo questionável, que se envia o "poderio militar naval" Português para vigiar as Women on Waves ou dar um "chega para lá" a um petroleiro carregado de crude a afundar-se (e fiar-se depois na Virgem e no São Pedro), e que neste chorrilho de ideias sem fio condutor de objectivos - quanto mais estratégia - se chega ao ponto de afectar levianamente a empresa pública mais próxima do Portugueses do que qualquer repartição: a RTP.
São Segmentos de ideias que surgem de lá do fundo obscuro de um espírito decerto ainda mais perturbado que o meu.
São Segmentos de moralidades e juízos de valor dispersos.
São Morais Segmentos.
Pê.

Vazios

Às vezes não surge a vontade de pensar.

Ouve-se Television. Os bancos levam uma eternidade a disponibilizar cheques.
Pode surgir apenas um "why bother?" arrogantemente disparado, olhando as entradas aqui em baixo.
Bush vs Kerry.
"Give me the Bush, respect the Cock!", vocifera um Tom Cruise alterado e invulgar - uma das Magnólias. Impulsos e estratégias primárias em oposição à sensibilidade. Ausência do pai.
Pedagogia.
Um Anti-Pê.
Sandwich de Cavala todos dias ao pequeno almoço, Rombo de carne no Défice ao Jantar e vinho novo ao som do uivo do Lobo Ibérico durante a ceia. A alcateia contente e eu acabo por apenas beber café, de manhã. Amanhã.
"Give me the Bush", dizem uns, "Respect the Cock", dizem outros, em narcisismos individualmente incompletos, complementarmente preenchidos. Preenchem-se uns aos outros. Os do Cock aos do Bush e os do Bush aos do Cock, cavalas preenchidas a martelo e rombos de preenchimento deficitários.
Deveriam ter visto o Tom Cruise. Provavelmente até viram. 24-D - provavelmente - também viram. Quem os elegeu - muito provavelmente - não. Swing entre o Bush e o Cock. Infidelidade consentida no centro. Esquartejamentos na miséria. Taveiradas. Classe média de sondagens swingers.
Sem pedagogia. Pê.
Gang-Bang sobre Portugal. Pê.

PS. Pós-sordidez.
Impressiona-me, o curral das celebridades.
Já estou a ver na próxima edição: Um major a ordenhar de apito na boca, um ex-dirigente-desportivo/ex-autarca/ex-primeiro-ministro/futuro-advogado recauchutado em actor pornográfico "madurão" abraçado a um padre Frederico cintilante de jóias, regressado. Uma ex-autarca também regressada para repor a democracia em Pê pela televisão, através do curral. Um ex-presidente da comissão europeia, sempre nomeado mas nunca expulso. Alteração arquitectónica no curral: escritório com uma câmara escondida para um arquitecto. Um ex-apresentador de televisão e mais uns amigos, para uma lição de ecologia rural a grupos escolares. Em directo.
Conceito: 24-D
Business-case: 24-D
Financiamento: 24-D
Administração: 24-D
Produção: 24-D
.:.
Portugal leve. Pê.
Tudo passa um dia.
Ainda bem.

Tuesday, October 19, 2004

Palavras soltas.

Cavala em lata, Torre do Rombo e Portugal: Santuário do Lobo Ibérico.

Sunday, October 17, 2004

Os Lobos


Dando uma volta, esta manhã, pelas notícias dos principais diários portugueses, vejo sequências de títulos e assuntos que invariavelmente passam sempre pelo mesmo: Santana Lopes, Paulo Portas (ou será na ordem inversa?), Sócrates (o ignóbil carreirista, não o histórico homónimo), por vezes Sampaio (coitado, representante de um último estertor de uma fornada de pessoas, que se concorde ou não com as suas ideias, têm o seu valor), FC Porto, SL Benfica, a crise do Sporting, Marcelo, Jardim, enfim..

Sobre as "Marcelices" da última semana e e meia, nem me apetece dizer nada, já que todos, rigorosamente todos, aproveitaram o assunto para se afirmarem como os maiores democratas do mundo.

Quanto ao Jardim, Alberto João, e o insulto que este me representa e me faz ter vontade de uma série de coisas.. Entre as quais, de dar independência à ilha da Madeira, ajudando-a a integrar ou o grupo do Magrebe, ou a União dos Estados da África Ocidental (A par do Sahara Ocidental, Mali, Senegal, Camarões, Gabão..), um dos dois, o "Povo Madeirense" que escolha, porque se isto de se ser Português é só quando convém, é como diz o outro, "I go there, and come back later". A Madeira regressará aqui com certeza, em breve.

S, P & S. Santana, Portas & Sócrates.
Um envelheceu desde que saiu "vitorioso" no golpe palaciano que conduziu à sua indigitação como Primeiro Ministro. Notoriamente, o seu cabelo esbranquiçou-se, os seus olhos andam mais cansados e as suas aparições mais estudadas: não tem tempo para ser comentador, para as noitadas, e, coitado, deverá ainda ter a mente num vórtice confuso com tanto dossier.
O segundo, surge cada vez mais de pedra e cal no seu "template" de estadista. Cada vez mais cuidado, cabelito, dentes novos e branco-choque à James Brown, roupas cada vez mais seleccionadas e nunca faz um nó de gravata igual ao do dia anterior.
O último é o novo D. Sebastião de quem não se revê nos anteriores. Ainda não tive estômago para olhar para sequência de gravatas deste. Mas a volatilidade com que este indivíduo pula, no mesmo âmbito, de uma situação extremamente duvidosa para circunstâncias de elogios cerrados, revolta-me. Relembra-me à data da criação da Rede Natura 2000, todos os problemas subsequentes e a leviandade com que algumas decisões foram então tomadas... e hoje temos os mesmos média que então o criticaram, a elogiarem-lhe esse passado recente.
Um último parágrafo dedicado aos restantes dois. Um demissionário, ou deverei dizer, em estado de saída induzida pelo comité central, não merece por enquanto considerações. Algo de tão imutável como as estrutura do PCP dá tempo suficiente para que se possa considerar e desconsiderar tudo. É um referencial fixo desafiante das leis físicas do universo, com um satélite 'geo-estacionário', PEV. O 'outro', BE, ainda regressará aqui, certamente. Não obstante o respeito que nutro pela "capa" de socialismo escandinavo nos seus discursos, há lá alguém emergente, que cedo e assustadoramente associarei à minha causa da diáspora política.

Cedo, a associação S, P & S transformar-se-á em S, P, S e D. Santana, Portas, Sócrates e Drago.

A única coisa interessante que a Política e os Políticos em Portugal têm, não são as diferenças entre S, P, S e D. Mas as semelhanças.

Saturday, October 16, 2004

Adenda desastrada


Diáspora Política

Raios..!

Eu não sou um 24-D, mas por vezes tenho a mania que o sou.... Uma parte de inveja, outra parte de desdém, daí o acto falhado que resultou na idea errada, e neste "Blogue". Risos.

-->Inicializaçao<--


Diáspora
--> Inicializaçao <--
Política

Há já muito tempo que perspectivo um desalinho incómodo com a forma como se processa a Política em Portugal.
Ora, não se trata de uma grande novidade, nem existe aqui essa pretensão ou qualquer outra que não as da reflexão e de num reflexo cínico-narcísico, despejar aqui o caixote do lixo que vou acumulando em cada vez que acompanho com perplexidade o mundo que me rodeia.
Ainda que seja eu o único que aqui venha.
O que é provável.
Esta probabilidade remonta a um passado longínquo. E está ligada ao impulso que me levou à inicialização da presente "página-da-internet-que-reflecte-características-de-diário", factualmente um repositório de ideias, já que o termo "blog" nunca me convenceu muito: 'cromices' de "techie"/"slashdotter"/"nerd" pretensioso e com a mania de que é esperto, mas esta é outra história, outra linha temporal no meu universo.

Por vezes, há um momento num passado meu longínquo que de alguma forma revivo com recorrência. Este momento a que me refiro, não o elaborei na altura, mas foi determinante numa série de factores processados em "efeito de bola de neve" que me trazem até aqui, a este Momento.

Foi a única vez que perdi eleições na minha vida.

Passemos aos factos, seguidamente aos efeitos e por fim às conclusões.

Passou-se no distante ano de 1994, na Escola Secundária de Cascais.
Não vou explicar muito dos contextos, aqui, mas gostaria essencialmente de dar conta de que a lista que integrei no lugar cimeiro, perdeu as eleições para a Associação de Estudantes por míseros 24 votos.

Como efeito imediato, deixei de beber Sumol de Laranja durante anos. Ao longo do tempo subsequente, fui evitando situações de exposição e sancionamento de votos - pelo menos públicas - que fosse susceptíveis de me provocar o gosto aziago da derrota, tão caro à minha dualidade entre o poder estar ao serviço de uma comunidade, e ao mesmo tempo - admito-o francamente - de gostar da minha ideia de mim próprio a fazê-lo. Confesso que esta honestidade é mais recente. Mais vale que o seja tarde, do que nunca o seja - assunto que regressará aqui posteriormente, certamente.

Intitularei este assunto de ora em diante, de "24-D": "24 Desresponsáveis", numa alegoria aos 24-D que começam a caracterizar a geração activa de força de trabalho, e consequentemente, de determinação Política. Pê.

Escusado será dizer que a AE que resultou destas eleições, foi o ocaso da vitalidade de várias AEs que perduraram por vários anos naquela Escola. E com aquela vitalidade, foi-se o debate, a discussão e consequentemente a formação da perspectiva de cidadania do indivíduo ainda durante a adolescência.

O que aqui está em causa, como fulcro desta minha motivação, não é o facto de ter perdido, mas sim a minha consciencialização das "24 pessoas intelectualmente interessantes e potencialmente interessadas" que eu conhecia na escola, amigos e amigas, que nem foram votar, com o argumento de "nunca fazem nada". 24 pessoas, de quem o destino me separou em maior ou menor medida. Algumas da minha turma de então, outras de outras turmas, diurnas ou nocturnas, e nutriam comigo uma boa relação em vários planos, cada uma com as suas circunstâncias. Hoje sei, por acasos, que grande parte são quadros especializados. 24-D. Pê.

Bem dita a idiossincrasia pós-25 de Abril, que contribuiu para a minha formação individual, destes muitos 24-D e de muitos "Pê" por este "Pê"... ... para o bem e para o mal.

Hoje em dia, cada 24-D vive na sua individualidade, divorciado da vida de decisões Políticas, na sua Comodidade, imerso na sua Superioridade Individual. Não vota, nem se propõe a ser eleito, porque "eles não fazem nada" e "são uma cambada de "corruptos". Porque a Política Portuguesa, os Políticos Portugueses, a Política e provavelmente Portugal, não servem para nada.
24-D apenas calham estar aqui, que talvez por karma tenham que passar a provação de viver neste Pê, escondidas na sua "classe média-alta", aliviada talvez por incursões a resourts estrangeiros.
Comodidade.
Superioridade Individual.
24-D.

Hoje em dia, tenho muito orgulho em ser um 24-D, não desejo outra coisa...
Mas tenho um grande defeito, além do de ir votar, segundo o conceito 24-D:

Tenho um "blogue".

Nota: texto escrito às 3 pancadas, de forma desgarrada e sem revisão consistente. Porque posso.