Saturday, October 16, 2004

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Diáspora
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Política

Há já muito tempo que perspectivo um desalinho incómodo com a forma como se processa a Política em Portugal.
Ora, não se trata de uma grande novidade, nem existe aqui essa pretensão ou qualquer outra que não as da reflexão e de num reflexo cínico-narcísico, despejar aqui o caixote do lixo que vou acumulando em cada vez que acompanho com perplexidade o mundo que me rodeia.
Ainda que seja eu o único que aqui venha.
O que é provável.
Esta probabilidade remonta a um passado longínquo. E está ligada ao impulso que me levou à inicialização da presente "página-da-internet-que-reflecte-características-de-diário", factualmente um repositório de ideias, já que o termo "blog" nunca me convenceu muito: 'cromices' de "techie"/"slashdotter"/"nerd" pretensioso e com a mania de que é esperto, mas esta é outra história, outra linha temporal no meu universo.

Por vezes, há um momento num passado meu longínquo que de alguma forma revivo com recorrência. Este momento a que me refiro, não o elaborei na altura, mas foi determinante numa série de factores processados em "efeito de bola de neve" que me trazem até aqui, a este Momento.

Foi a única vez que perdi eleições na minha vida.

Passemos aos factos, seguidamente aos efeitos e por fim às conclusões.

Passou-se no distante ano de 1994, na Escola Secundária de Cascais.
Não vou explicar muito dos contextos, aqui, mas gostaria essencialmente de dar conta de que a lista que integrei no lugar cimeiro, perdeu as eleições para a Associação de Estudantes por míseros 24 votos.

Como efeito imediato, deixei de beber Sumol de Laranja durante anos. Ao longo do tempo subsequente, fui evitando situações de exposição e sancionamento de votos - pelo menos públicas - que fosse susceptíveis de me provocar o gosto aziago da derrota, tão caro à minha dualidade entre o poder estar ao serviço de uma comunidade, e ao mesmo tempo - admito-o francamente - de gostar da minha ideia de mim próprio a fazê-lo. Confesso que esta honestidade é mais recente. Mais vale que o seja tarde, do que nunca o seja - assunto que regressará aqui posteriormente, certamente.

Intitularei este assunto de ora em diante, de "24-D": "24 Desresponsáveis", numa alegoria aos 24-D que começam a caracterizar a geração activa de força de trabalho, e consequentemente, de determinação Política. Pê.

Escusado será dizer que a AE que resultou destas eleições, foi o ocaso da vitalidade de várias AEs que perduraram por vários anos naquela Escola. E com aquela vitalidade, foi-se o debate, a discussão e consequentemente a formação da perspectiva de cidadania do indivíduo ainda durante a adolescência.

O que aqui está em causa, como fulcro desta minha motivação, não é o facto de ter perdido, mas sim a minha consciencialização das "24 pessoas intelectualmente interessantes e potencialmente interessadas" que eu conhecia na escola, amigos e amigas, que nem foram votar, com o argumento de "nunca fazem nada". 24 pessoas, de quem o destino me separou em maior ou menor medida. Algumas da minha turma de então, outras de outras turmas, diurnas ou nocturnas, e nutriam comigo uma boa relação em vários planos, cada uma com as suas circunstâncias. Hoje sei, por acasos, que grande parte são quadros especializados. 24-D. Pê.

Bem dita a idiossincrasia pós-25 de Abril, que contribuiu para a minha formação individual, destes muitos 24-D e de muitos "Pê" por este "Pê"... ... para o bem e para o mal.

Hoje em dia, cada 24-D vive na sua individualidade, divorciado da vida de decisões Políticas, na sua Comodidade, imerso na sua Superioridade Individual. Não vota, nem se propõe a ser eleito, porque "eles não fazem nada" e "são uma cambada de "corruptos". Porque a Política Portuguesa, os Políticos Portugueses, a Política e provavelmente Portugal, não servem para nada.
24-D apenas calham estar aqui, que talvez por karma tenham que passar a provação de viver neste Pê, escondidas na sua "classe média-alta", aliviada talvez por incursões a resourts estrangeiros.
Comodidade.
Superioridade Individual.
24-D.

Hoje em dia, tenho muito orgulho em ser um 24-D, não desejo outra coisa...
Mas tenho um grande defeito, além do de ir votar, segundo o conceito 24-D:

Tenho um "blogue".

Nota: texto escrito às 3 pancadas, de forma desgarrada e sem revisão consistente. Porque posso.
 

1 Comments:

Blogger cristms said...

Ola amigo!
Li com atenção as palavras que acompanham o nascimento do teu primeiro blog... O que tu consideras ser o teu defeito, eu considero ser uma nova forma de expressão ao alcance de todos, de todas as classes...
Gostei, espero que continues a postar e a deixares os teus desabafos, as tuas revoltas, as tuas lutas, as tuas vitórias...

Abraço e quando quiseres aparece no meu blog... Ser Gay

01:18  

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