Monday, December 06, 2004

Zonas

Há zonas onde o pensamento vai em que a distinção entre o valor e o vazio é quase inexistente. Campos onde a razão se confunde com a sensação e em que ambas se encontram dispersas, amalgamadas uma na outra. Áreas onde pequenas vontades surgem, pequenas estratégias são elaboradas, pequenas satisfações são obtidas e a soma destas sucessões de acontecimentos sem pressa, sem pressão, nem avaliação ou juízo algum, fundamentam uma coesão assaz interessante lá no fundo de nós, onde as coisas importantes se definem. Esta coesão poderia dar pelo nome de paz, se não comportasse também as suas guerrilhas deliciosas.
Esta coesão poderia também dar pelo nome de serenidade, se naquela zona também não existissem os tumultos próprios dos fulgores de paixões.
Há zonas onde tomar uma decisão de fundo, elaborar uma estratégia vital ou saborear um Pão de Mafra podem ter o mesmo sabor, como podem não ter.
Há campos onde Aparência pode contar mas não serve efectivamente para nada.
Há sítios de onde os acontecimentos que fluem são observados à distância, onde não há partido, clube, estrato nem deveres e direitos inerentes têm lugar à existência que não decidamos que existam.
Lugares onde quem escreveu, desenhou ou criou fosse o que fosse, não ultrapassa o valor do seu resultado.
Há zonas onde a sensação vai, e o “coolness” de uma actividade não é induzido, pré fabricado ou concebido.
Há zonas onde a ideia de hora de ponta passa absolutamente à margem da sensação e da razão.
Uma dessas zonas, é Fringes.

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