Tuesday, November 16, 2004

Ecos

Ecos (I)
Naquele "Vilar de Perdizes de Barcelos", aquela sucessão de imagens que antecederiam o discurso do "Grande Líder dos Astrais Luminosos", desde a sua infância à sua cândida adolescência, fotografias a preto e branco enternecedoras e aparentemente legitimadas por um certo "ar documental" prepararam e condicionaram os olhos postos sobre o encerramento do dito Congresso, aconchegando os corações permeáveis a tanto excesso de maravilha.
Imagens sortidas sobre o "Grande Líder dos Astrais Luminosos" durante esta escandalosa auto-deificação, mostram-no enlevado e contidamente radiante com este derramar contínuo, repetido e obsceno do seu Eu sobre toda a gente. Embevecido por se rever como tanto gosta no espírito dos outros, infinitamente gratos pelo "Astral Luminoso" emanado pelo seu "Grande Líder", sublimou-se secreta e intimamente por toda a gente estar a pensar em si.
Seguiu-se efectivamente o tal discurso da "Elevação do Astral".
Ora veja-se o cabeçalho oficial dos agregados do "Vilar de Perdizes de Barcelos". Ora atente-se a todos os elementos gráficos imagéticos no dito Sítio.
Assinale-se a escabrosa paridade apenas diminuída pelos canais alfa de transparências de Sá-Carneiro (à esquerda do dito, coincidência?), bem como a omnipresença do "Grande Líder dos Astrais Luminosos" por todos os elementos gráficos em que o pobre do Designer conseguiu colocar.
Por tudo isto, nota-se muito que a "Perfumada Emanação do Grande Líder Radioso dos Astrais Luminescentes" soa muito a homenagem póstuma precoce.
No meu entender, as homenagens constantes e contínuas desta forma, costumam assinalar grandes feitos de ilustres personagens que desapareceram, ou que por conquistas ímpares obtidas são reconhecidas por algum organismo mais neutro (um nobel, algo assim..).
Neste mesmo meu entender, tal auto-devoção do "Grande Líder do Astral Incadescentemente Luminoso" pretende recolher a glória que intimamente a sua parca auto-estima saberá que não recolherá na posteridade.

Alguém me saberá apontar um "Grande e Glorioso Feito" deste "Grande Líder do Astral Celestial"?
Um que seja!
Um que se eleve ao nível de outros conseguidos por personagens tão discretos como Mário Soares ou Alvaro Cunhal, até Cavaco Silva e gente desta craveira?

Os imediatos são para ser vividos no aqui e agora.
Este "Grande Líder de Astrais Celestiais Irradiantes sobre o Humilde Povo Português" tem uma grande necessidade de recolher os Frutos do Ego, antes da Conquista.
É como uma conquista numa noite de discoteca.
É o "tudo imediato" e no "agora".
São mais Segmentos.
É a necessidade de se ver fora de si próprio, reflectido na sua individualidade emanada sobre o colectivo.

PS: Eu de facto estava a VER o Contra-Informação que foi interrompido no Domingo último. E ria-me como há muito não me ria.

Ecos(II)

A lenda de Eco e Narciso é reveladora.

Portugal, a começar pelo PSD-visível, transforma-se lenta e serenamente no Charco De Água Prateada no qual Narciso viu o seu reflexo pelo qual se apaixonou, no qual definhou e morreu nascendo a flor homónima no seu lugar.

Os Portugueses transformam-se numa Eco, como ecos que repetidamente soam por nenhures na necessidade de se valorizarem na sua identidade, que esmorecem contra a essência definhante do Narciso apaixonado por si próprio.

Da flor eventualmente resultante, talvez os reformados do norte europeu aproveitem os resourts & condomínios, casinos, casas de alterne, campos de golfe, corridas de cavalos e um ou outro jogo de futebol.

Quem sabe se Némesis não fará a propagação do seu hálito gélido através de 24-D despertos(!), ou mais à frente, dos meus/teus/nossos/seus filhos?
Alea Jacta Est.

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