Educassão é uma palavra.
Há muitos anos atrás, pediram-me que fizesse um texto sobre a política educativa (recuso-me a usar maiúsculas neste contexto) de então, com o fim de resultar numa contribuição para uma determinada publicação. Nesses idos algures em 1993/1994, ainda não havia Internet, SMS e e-mail. O uso dos computadores como meios de produção estava então reservado a ambientes ou profissionalíssimos, ou restritivíssimos de umas quaisquer salas de informática nas estruturas mais apetrechadas. Assim, leitura era efectuada de forma quase exclusivamente física, e a escrita, era o frenesim dos dedos e a tensão da mão por vezes em autênticas maratonas de Step-estenográfico. O texto que mui orgulhosamente produzi, iniciava-se, se a memória está correcta, com a frase: "O Estado da Educassão em Portugal". Recordo-me ainda que pelo corpo daquele texto, introduzi circunstancialidades ortográficas afins noutros termos. Eram tempos de muita vontade de afirmação, frequentemente até em demasia para este corpo, próprios para o quociente idade/circunstância, e - quero confessar - julgava que poderia ganhar um Pulitzer ajudado pela Graça de Aparência. Aí iniciaria a rampa ascendente de actividade política, que me permitira a prazo mais ou menos médio, mudar o mundo para melhor - claro segundo a minha ideia. Tinha então feito todo o filme do resto da minha vida. Uma vez terminado, o texto, foi submetido à apreciação discreta de duas pessoas de confiança. Tempos depois, talvez um par de meses, V. confessa-me discretamente que D. andava preocupad@ com a minha escrita e com o meu nível cultural. Que tinha encontrado "(..) erros ortográficos inacreditáveis (..)" num texto "qualquer" meu que tinha "achado". Aparência tinha-se dignado a bafejar-me com a Sua Graça de tal forma, que Verdade brincou comigo. Hoje magoa-me não ter esse texto comigo. Mesmo sem Internet, SMS, e-mail e afins, Educassão afinal era então já uma palavra! |
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