Saturday, November 06, 2004

Aparências II

Coisas que me vêm à mente.
Frequentemente encontro-me a perder tempo. Fito um qualquer horizonte para além dos limites da visibilidade que o sensível me apresenta, e tento perceber tudo o que não compreendo.
Tudo o que esteja para além de Aparências.

Num Metro de faces anónimas, pungente em olhares desbocados de rostos de Aparência, interrogo-me sempre:

Será natural a inexpressividade de Aparência, ou será natural a expressividade de Aparência?

Tomando o lugar desse qualquer horizonte que nem sei caracterizar, em Fade-In à Sam Mendes (brilhante!) surge-me a imagem de uma qualquer que um dia dava pitecadas com o indicador impulsionado pela força efectuada para provocar a cedência do seu polegar, nos seus Incisivos Superiores e se gabava, com 27 anos, da capa de cerâmica, ou de um compósito qualquer perlado, um desses materiais dos dentistas - sei lá - que revestia a sua Verdade dentífrica. Num corte de cena abrupto, os meus olhos focam-se numa desconhecida, lá ao fundo, com uma ligeira massa de carne não identificável na sua pálpebra superior do seu olho esquerdo. Novo corte abrupto. Perdi muito cabelo desde a minha adolescência, que acontecia ainda há cinco minutos. Cada pitecada daquelas, era um cabelo que me sentia arrancado, roubado. Cada um como um gongo hindu, sob o som do Mantra que se encaminha para a minha decadência de Aparência. Imediatamente preocupo-me com o posicionamento da minha postura. Quero que Aparência seja tão expressiva como inexpressiva. Sonic Youth ecoam-me nos meus ouvidos e provocam-me um Fade-Out, também à Sam Mendes, e fixo olhar num horizonte bem mais tangível e caracterizável:

O dos carris cintilantes num esplendor mecanicista, da via de sentido contrário do Metro.
Brilham, cintilam sempre de forma desigual, sempre em inúmeras rectas de intensidade nunca igual, mas sempre paralelas.
Os carris, esses, sim, conhecem muito bem Aparência.

Mas afinal o que têm estas Diásporas da mente e dos afectos, de relação com Política?
Tudo.

Banalizada a Aparência de assunto de deste Blog, a sua Verdade começa - até para mim! - a tomar alguma forma de concretização.
"Repositórios de ideias" sob a forma de páginas online com a Política como tema central é o que não falta.
Da esquerda à direita, do alheamento ao activismo ou militância, de "Meu Querido Diário" a ensaios prosaico-poéticos, de irrealismos a concretizações, de diários de viagens a esgalhanços de pessegueiro técnicos... Haverá de tudo, pelo que Tudo é banal.
Nunca houve neste Blog, presunções de Originalidade, Verdade Universal & Absoluta ou Fenómeno de Massas que abram telejornais ou leadings de notícias por uma qualquer opinião neste expressa.

A Política que se faz neste Blog, é uma emanação de Aparência sob a forma de umas quaisquer Diásporas em que a mente se vai perdendo.
Ou se reencontrando.
São coisas que vêm à mente.
Se estas coisas assumem forma de acção, acabam sempre por ser Políticas, portanto...

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