Friday, December 03, 2004

Fronteiras Marginais

Quem se desloque ao Sítio oficial do Partido Socialista, depara-se com um rectângulo com dois cantos curvos. Esta semelhança com o logotipo da TVI, parece-me efectivamente casual, mas nunca inocente.
É a entrada do "período socrático" do PS, que já visualmente toca num qualquer e obscuro neurónio do inconsciente condicionável, pela associação anteriormente descrita.
É a ascensão definitiva do PS à conquista da Aparência, como meio e fim, após a introdução desta como método por Guterres nos idos de 1995.
Pode-se adivinhar que o veludo épico de Vangelis de meios-homens dialogantes, cederá o espaço a um humanismo estridente-quase-histérico socrático numa salada de frutas digna da TVI.
Estou absolutamente convicto de que a noção de "moeda má", não visa única e exclusivamente Santana, mas sim também o seu antigo companheiro de comentários de serviço.
Esta nova geração socialista, "fracturante" na embalagem, foi angariada ao som de Nirvana em Espaços + na 24 de Julho, à boleia dos Estados Gerais, e durante a caminhada triunfal de 1995 tal como durante os anos posteriores pelo mel do poder. Para não mencionar "Ruinas" que decerto não existiram exclusivamente no Estoril.
Este rosto socrático que se dá ao PS, é um paralelismo tão preocupante como a senda de Narciso de Santana, se não o for ainda mais por causa da Aparência de esquerda que o tinge.
Algumas diferenças certamente que se sobrepõem: as teias de cumplicidades estarão muito mais sólidas, e de certeza que alguns históricos socialistas não serão tão críticos como os seus equivalentes PSD.
Mas este cheirinho a TVI é preocupante.
Soa-me a mais do mesmo, da mesma moeda outra face, e o que me assusta é a falta de coesão pedagógica no relacionamento com o eleitorado. A pedagogia necessária à política não se reduz a citações e referências sortidas e ao acaso de ilustres pensadores já há muito idos, mas sim com uma efectiva elucidação junto do eleitor num exercício transparente de fundamentações e intenções.
Estas "Novas Fronteiras" soam a mais do mesmo em clonagem defeituosa dos Estados Gerais: Uma Aparência a ser imediatamente descartada com uma tomada de posse.
Assim, o período socrático pede, sem qualquer credibilidade, que se gastem de novo energias mentais a participar num fórum, quando do anterior, os resultados ainda hoje são aplicáveis.
Sócrates deveria, se fosse uma personalidade pouco dada ás Aparências e que estimasse substância nos seus objectivos, primeiro que tudo:
- Explicar transparentemente o que aconteceu aos resultados dos Estados Gerais;
- Explicar como é que não acontecerá o mesmo desta vez;
- Explicar porque não deveríamos desconfiar.
Como isto não irá acontecer, e como este fórum não passará de uma versão em adulto-adolescente de Espaços + salpicada de excepções aqui e ali, terá tudo a haver com a semelhança casual de Aparência cuja descrição iniciou este post.
As "Novas Fronteiras" de Sócrates, serão em substância e na distância que o separa de Santana, meras Fronteiras Marginais.

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