Despedimentos
Estabilidade A noção de estabilidade é algo que nesta semana que finda, faz todo o sentido abordar. Julgo pertinente seccionar as perspectivas de estabilidade em duas distintas. Numa curta observação retrospectiva, a presença da palavra estabilidade no diálogo político português surge com recorrência como argumentação da direita contra a esquerda. Desde a segunda metade dos anos 80, a palavra instabilidade surge por inerência no apelo ao voto contra a esquerda. O mesmo aconteceu nas eleições de 1995, pelos vistos infrutiferamente. Nestes últimos quatro meses, a palavra regressou novamente, de ambos os sectores, embora com ligeirezas diferentes. Mas afinal que estabilidade é esta com que determinados agentes insistem? A primeira perspectiva é a mais fácil, portanto, a que tem mais probabilidades Aparentes de se propagar na "massa eleitoral". A ideia de que umas eleições legislativas devem sancionar custe o que custar uma determinada maioria até ao fim do mandato é assim veiculada como definição de estabilidade. A primeira ideia, é por exemplo, a que parcialmente sancionou um Mobutu que garantiu cerca de três décadas de "estabilidade" no país que descendeu do antigo Congo Belga. É também a que serviu para legitimar em Aparência um Suharto, aos olhos dos Australianos. Os exemplos, seriam infindáveis. Sampaio soube com diligência segurar-se na segunda ideia de estabilidade para desenvolver a sua agenda política, sob os auspícios de uma Aparência marginalmente aceitável e acoplada à primeira ideia, mas sem dúvida muito mais habilidosa que a do estridente Santana. São efectivamente fibras diferentes, as de um que visualiza a estabilidade de forma dinâmica, e as de outro que se assenta exclusivamente em Aparência. Para mim, uma convocação de eleições é sempre um sinal de estabilidade e maturidade democrática. Seja quantas vezes forem precisas. O contrário é que levantaria sempre dúvidas e interrogações, e me faria sentir mais próximo da "estabilidade" do Zaire de Mobutu. Resta pesar o facto da estratégia de Sampaio ter saído cara aos contribuintes e à paciência de muitos Portugueses, demasiado cara para o que resultou num mero e há muito adivinhado Despedimento Colectivo por Justa Causa. |
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