Friday, December 03, 2004

Bloco de Estrada

Há algum tempo que não visitava o Sítio oficial do Bloco de Esquerda, confesso que por um misto de desinteresse apático e visceral por "cassetes", sejam quais forem, e de tempo efectivo para o fazer.
Depois de deixar que o applet se iniciasse (desagradam-me sempre estes javazinhos quando não se percebem muito bem para que servem, e que gastam RAM e recursos do CPU), reparei em algo digno de nota aqui.
De volta à página, desta vez com o Firefox que se dá melhor com javinhas do que o Safari, volto a olhar para a Campanha contra o fim das Scut's.
Confesso que passei 30 anos da minha vida sem conduzir, a utilizar transportes públicos e só agora estou prestes a entrar na liberdade cómoda da automobilidade.
Pode ser uma perspectiva condicionante é certo. Mas não me parece justo, que por cada vez que pague um IVA contribua para alguém andar comodamente numa estrada que teve que ser construída com recurso a project finance.
É certo que por cada auto-estrada e via reservada ou equiparada a auto-estrada que seja alvo de tal investimento, deverá existir alternativa viável para o trânsito regional.
Mas não é certo que me saquem os dinheiro dos impostos para outros curtirem a comodidade, como se da compra de uma casa para outros habitarem se tratasse, com recurso ao orçamento de estado.
Ainda dentro do âmbito da esquerda, onde estará a noção da distribuição de riqueza nesta posição do Bloco?
Da mesma forma que Lisboa e Porto, para não mencionar outras cidades, deveriam ter a entrada de automóveis particulares taxada da mesma forma que o "Red" Ken aplicou com sucesso em Londres, defendo o mesmo para as viagens por auto-estrada: São só para quem pode.
Este estado de dimensão do automóvel particular na vida do dia-a-dia sabemos todos que é presentemente insustentável por várias razões, quer de natureza ecológicas e energéticas quer de ordenamento.
Sempre fui um defensor irredutível do comboio como meio de transporte de carga e de pessoas, não há nada a fazer..
Mas o que quer este bloco, composto por uma esquerda-chic já muito habituada ao automóvel para tudo, com esta campanha?
Que se continue a pagar as auto-estradas com o dinheiro de todos os contribuintes, em benefício dos utilizadores?
Argumentar-me-iam com os efeitos nas empresas e negócios, quando o papelinho da portagem é contabilizado para efeitos fiscais?
Argumentar-me-iam com a ausência de determinados percursos alternativos de via pública decente, então porque uma campanha tão genérica que não menciona em nada essas carências?
É mais uma Aparência distante da substância, perigosamente sustentada na ideia de que "a esquerda é que sabe o que é justo para os seres humanos".
Ora, até concebo e poderei eventualmente concordar que a esquerda se auto-proclame como a guardiã da liberdade, o que não concebo são aproximações populistas e descaradamente mentirosas à caça do voto descontente, por mais apelativos e originais que sejam os grafismos e as campanhas.

Mas enfim... todo e qualquer militante do BE lá deve ser bem mais inteligente do que eu...
Pê.

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