Thursday, March 03, 2005

Excepção

Correm estes dias mornos de intensidade e gélidos de temperatura, e lá por vezes tenho que me alongar no trabalho um pouco pela noite dentro.
É certo que mais uma vez me deite na minha pequena cama vazia como tem sido hábito nestes últimos e longos meses, e a TV fica a minha companhia para quando o sono tarda em chegar, ou quando a mente se perde noutro tipo de Diásporas fazendo-me dar voltas no leito.
E com essa frequência, A Dois torna-se na minha companheira, na presença que continua presente enquanto fecho o olho e vai chegando o oblívio das ansiedades.
Foi sendo assim que pela altura da abertura involuntária do olho, de manhã, quando o João Pestana começa a desvanecer-se, que comecei a aperceber-me de algo gradualmente.
As manhãs, n'A Dois, começam com a rubrica infantil Zig-Zag, pelas 7.30. Foi assim que dei com A Família Galaró.
Inicialmente a surpresa pela toque de bizarria na performance dos actores, surgiu misturada por um certo pasmar pelos temas pedagógicos, e muito interessantes até para um adulto, que escolhiam.
Ora trata-se de uma família que evoca galinhas soberba e bestialmente humanizadas. E os humanos, esses até no pormenor revelam tremores e detalhes muito avícolas.
Pela segunda vez que apanhei A Família Galaró na abertura matinal dos olhos, fiquei deveras impressionado pela caracterização de personagens e pela solidez que me transparecia de toda a ideia adjacente ao programa. Pela boa produção que sugeria. Pelos meios técnicos correctamente utilizados. Pela sensação de que estariam a tratar o público infantil como deve ser, e não como inferiores intelectuais.
Feita a pesquisa, encontro o sintomático texto numa caixa, na página da RTP:

"A Família Galaró é um programa diário com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. De forma divertida, recorrendo à ficção, à reportagem, à literatura ou à música, a Família Galaró leva todas as crianças ao mundo da cultura, do ambiente, do desporto, da ciência e novas tecnologias, criando universos mágicos e abrindo novos caminhos de conhecimento.
A Família Galaró é constituída por cinco personagens que cobrem cinco grandes áreas do desenvolvimento das crianças. O Pai Galaró é o rei das artes plásticas e trabalhos manuais. A Mãe Biquita é uma galinha super-ecológica. Faz tudo para proteger o ambiente e todos os bichinhos.
O filho mais velho, o Pinto Pititão é um inventor ousado e conhecedor do mundo da ciência e das novas tecnologias. Com o Pinto Pinote o desporto e a aventura vão estar no ar e a Pinta Pitita vai explorar o campo cultural.

Originalidade, Sonhos, Mistérios do nosso Mundo ou Tudo se transforma, são só alguns exemplos dos temas que vão ser abordados pela Família Galaró e que nos fazem conhecer o trabalho “super-interessante” de diferentes profissionais e escolas, acções em defesa do ambiente, actividades ao ar livre, os mais diferentes desportos, espaços culturais, programas de ciência, novas tecnologias, ateliers para crianças... Novidades, surpresas, roteiros, passagem de conhecimento de uma forma divertida, misteriosa e cheia de acção, vão estar na ordem do dia, num espaço que vai revelar o que de melhor se faz para as crianças e por crianças!

A Família Galaró é um dos primeiros programas infantis da nossa televisão inteiramente português, ou seja, ideia original, argumento e produção nacional."

Efectuada uma visita ao sítio da internet d'A Família Galaró, procurei, procurei e procurei por aquela maligna "marca" com as iniciais "MC" que parece que atesta o profissionalismo das artes performativas de cá da província.... e nada!

Trata-se de uma excepção. De gente que por sinal trabalha muito e bem, e efectuou um produto muito válido, positivista, e sem choramingos. Da caracterização ao guarda-roupa, do conceito à solidez e credibilidade dos personagens, do site à flexibilidade com que oferecem idas às escolas, em resumo, a tudo.
Tinha que fazer esta nota.
É pois, uma excepção.
E a seguir..

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

(quero ver novamente o Olho..)

Metamfs

23:37  
Anonymous Anonymous said...

Veja se aparece, saudades de o ler!
Metamfs

14:11  

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