"Ela chove!", diz a minha avó, "Ela, quem?" pergunto-lhe eu de imediato. A resposta sempre foi a mesma, acompanhada do olhar quase incrédulo, "Ela, a chuva!". É o retorno ao que de primário se me evoca quando se discutem os âmbitos de Seca Severa ou Seca Extrema. No meio de críticas à dialéctica entre a pasmaceira no avanço das infra-estruturas adjacentes à poça do Alqueva, e a prontidão do estádios dos Euro-Apitos, penso sempre na minha Avó com os seus dizeres.. "Chuva em Janeiro, trigo no palheiro", se a memória não me falha, acompanhado de um "Oh, mas isto agora já não é assim, já nada disto funciona", diz ela, a minha querida avó, apontando a falta de canaviais de verdejar nas linhas das serras. Há pior ainda, que é quando se instala o silêncio lúgubre enquanto passamos pela terra queimada da Beira Baixa. Quero tomar duche todos os dias, neste verão. Quero-a. Quero hoje que Ela chova. Que se danem os fundos de crise, os estados de calamidade e os subsídios para as rameiras subsidiárias da nossa ruralidade, quais maîtresses, amantes vivendo de pensões cedidas por comprometidos, a custo de favores discretos e obscenos. Só quero que Ela chova, Oh se quero o meu duche estival. |
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